» Academia Brasil-Europa de Ciência da Cultura e da Ciência Organização de estudos teóricos de processos interculturais e de estudos culturais nas relações internacionais Pres.: Prof.Dr.Antonio Alexandre Bispo A.B.E.
CULTURA E NATUREZA CULTUROLOGIA DE ORIENTAÇÃO AMBIENTAL EM ÉTICA DE RESPEITO À VIDA
FUNDAMENTADA NA ANÁLISE INTERDISCIPLINAR DE PROCESSOS CULTURAIS EM CONTEXTOS INTERNACIONAIS COM ESPECIAL CONSIDERAÇÃO DAS RELAÇÕES ENTRE A AMÉRICA LATINA E A UNIÃO EUROPÉIA
Programa da
» ACADEMIA BRASIL-EUROPA DE CIÊNCIA DA CULTURA E DA CIÊNCIA « Centro de Estudos Culturais Brasil-Europa
O projeto "Cultura-Natureza" se insere no âmbito dos trabalhos da Academia Brasil-Europa de Ciência da Cultura e da Ciência (A.B.E.), da organização internacional de teóricos de processos interculturais e de estudos culturais nas relações internacionais, de antiga tradição, primeira do gênero e que mantém ps Centros de Estudos Culturais Brasil-Europa no Brasil e na Alemanha. Foi anunciado por ocasião da inauguração do Centro de Estudos Brasil-Europa na Europa, em 1997, em sessão solene sob o patrocínio da Embaixada do Brasil. A sua abertura deu-se com uma conferência em homenagem a Albert Schweitzer, quando considerou-se o relacionamento desse pensador, médico e artista com o Brasil. Após uma fase introdutória de três anos, o projeto desenvolve-se de forma a vir a ser programa de cunho prioritário da A.B.E.. Escopo da A.B.E. e o programa Cultura-Natureza
O escopo principal da A.B.E. reside na análise de processos inter- e transculturais como base do desenvolvimento de uma ciência da cultura em contextos globais e em relações internacionais (culturologia) e no estudo dos condicionamentos sócio-culturais do trabalho científico (science of science) com especial consideração da ética na cooperação científica.
Esses estudos exigem a superação de fronteiras disciplinares e a consideração das relações internas entre as várias esferas da cultura e do saber. A A.B.E. tem, conseqüentemente, uma orientação fundamentalmente interdisciplinar. Procura superar limitações eurocêntricas nos estudos culturais e de pesquisa da ciência.
As relações entre Ciência, Cultura e Natureza são consideradas com particular atenção nos trabalhos. Procura-se eruir as condições científico-culturais e científico-sociais necessárias para o desenvolvimento de uma atitude do Homem mais orientada segundo um fundamental respeito à vida.
A A.B.E. procura, assim, seguir uma ética que inclui necessariamente a proteção ambiental e a do direito dos seres viventes em geral. As mutações da natureza e do mundo animal por ex. questões de transplantação, migração, degradação e regeneração devem ser consideradas nos seus vínculos com processos de ocupação do solo e de urbanização. Procura-se reintegrar, assim, sob contínua atualização de pontos de vista e de métodos, a história natural na pesquisa da cultura e no estudo das pré-condições sócio-culturais do trabalho científico e da ética na cooperação científica internacional.
O projeto "Cultura-Natureza" fundamenta-se nos resultados de pesquisas e estudos até hoje desenvolvidos e discutidos em sessões dedicadas a questões culturológico-ambientais no âmbito de atividades desenvolvidas em vários países.
O projeto "Cultura-Natureza" pretende, assim, de forma pioneira,
Textos relacionados com o programa disponíveis no site da A.B.E. na Internet:
Culturologia e Ambiente
As Ciências Humanas - "Geisteswissenschaften" (Ciências do Espírito) no mundo de língua alemã - encontram-se atualmente nas universidades e em institutos de estudos e pesquisas de vários países em processo de renovação. Caminhos são procurados para que essas disciplinas científicas possam melhor corresponder às exigências do presente, determinadas pelo intercâmbio intensificado de informações no contexto da globalização e das possibilidades abertas pela Internet. Cooperações internacionais, novos aportes teóricos e procedimentos metodológicos procuram transpor fronteiras disciplinares, contribuindo, assim, para a necessária superação de delimitações de visões e perspectivas, sobretudo aquelas de cunho eurocêntrico. Até mesmo na Filosofia, que tradicionalmente representa a instância básica, de supremacia ou de guia das Ciências Humanas, levantam-se vozes a favor da interculturalidade e, consequentemente, de uma Filosofia Intercultural.
Cada vez mais surge o termo Cultura como palavra-chave na reestruturação teórica das Ciências Humanas. Constata-se, assim, em várias universidades e publicações, o uso crescente do termo Ciências da Cultura. Essa denominação passa a ser vista como mais adequada para a designação do conjunto de disciplinas e áreas de estudos que se ocupam com fenômenos e processos culturais sob diversos aspectos. A elas pertencem, de forma privilegiada, o que no Brasil tradicionalmente se denomina de Estudos do Folclore (Volkskunde em alemão, hoje também Etnologia Européia), a Etnologia ou Antropologia Cultural, a História das Artes, a Musicologia, a Ciência Comparativa das Religiões e vários outros ramos do conhecimento, sobretudo também aqueles de origem mais recente, tais como as Ciências da Mídia e as da Comunicação.
Essa concepção de Ciências da Cultura no plural leva porém apenas a uma simples substituição de denominações. As propostas mais inovadoras são aquelas que partem da existência de uma Ciência da Cultura no singular, ou Culturologia, compreendida como ramo inter-e transdisciplinar. A discussão a respeito da Culturologia é marcada, porém, por uma grande variedade de aproximações teóricas, de propostas metodológicas e de focalizações de problemas. As diversas posições e correntes de pensamento são, apesar de todas as preocupações interculturais e transnacionais, determinadas pelos respectivos contextos culturais. Assim, os aportes do "Cultural Studies" levam às suas origens britânicas, aqueles do pensamento pós-estruturalista sobretudo aos teóricos franceses e à recepção de suas obras nos Estados Unidos.
Consistência e coerência da Culturologia como disciplina exigem precisões esclarecedoras do objeto de estudo e isto pressupõe reflexões teóricas a respeito do conceito de cultura e da sua noção em diferentes contextos e situações. Reflexões terminológicas desempenham necessariamente um papel relevante nos trabalhos culturológicos, uma vez que oferecem as pré-condições para a determinação do objeto de estudo e dos procedimentos científicos.
Reconhecer que o quadro das ciências culturais transmitido e hoje ainda dominante representa já em si uma construção cultural significa aceitar que a Culturologia não pretende levar à extinção das disciplinas particulares, mas sim analisá-las no referente às diversas concepções culturais nelas vigentes e contribuir para o diálogo inter-e transdisciplinar. Assim, ela se ocupa com desenvolvimento das várias disciplinas, a sua diferenciação e, portanto, com as suas características nas diversas instituições e regiões. Essa tarefa não se reduz apenas àquela da História da Ciência. Para cumprí-la, a Culturologia deve investigar redes de relacionamentos que determinam as correntes de pensamentos, a história de suas respectivas origens, dos seus condicionamentos, das suas dependências, de seus caminhos particularizantes e da sua dinâmica atual. Ela não pode deixar de se ocupar com as condições sociais do trabalho científico nos determinados contextos culturais, o que contribuirá para a elucidação dos caminhos da recepção do saber e de sua produção. A Culturologia necessita, portanto, agir em conjunto com uma Sociologia da Ciência e, em sentido ainda mais abrangente, com uma Pesquisa da Ciência ou Ciência da Ciência ("Science of Science").
O debate a respeito da Culturologia deve fundamentar-se, naturalmente, numa constante reflexão a respeito do conceito de Cultura. A discussão desse conceito, porém, não se pode limitar em salientar a diferença existente entre o conceito secular de Cultura no sentido de cultivo e aquele de acepção mais ampla empregado na Antropologia Cultural e hoje vigente e em geral aceito. Todas as reflexões dedicadas à conceituação de Cultura necessitam por fim atentar à etimologia da palavra, à história e tradição de seu uso e, com isso, à sua relação com o conceito de Natureza. O debate a respeito do relacionamento entre a Cultura e a Natureza na história e no presente do pensamento e da prática em diversas situações sócio-culturais é imprescindível para o desenvolvimento da Culturologia. Apenas um direcionamento das atenções a essa fundamental relação é que poderá colocar essa transdisciplina na posição de desenvolver conceitos que a permitam superar relatividades determinadas por condicionamentos culturais, tornando-a útil para servir a uma reorientação das disciplinas humanas no sentido de melhor servirem às exigências globais de desenvolvimento e de proteção ambiental.
Para que essa discussão possa ser levada a termo de forma qualificada, porém, há a necessidade de diálogo com os estudiosos que se ocupam com o meio ambiente e com a ecologia em geral, assim como com aqueles que mais atuam na organização do uso do meio natural, tais como arquitetos, urbanistas e planejadores. A Culturologia serviria, assim, não apenas como ramo inter-e transdisciplinar no quadro das ciências que até hoje se dedicam a estudos de fenômenos culturais, mas sim também como ponte entre Ciências Humanas, Ciências Naturais e Ciências Aplicadas. A forma como o homem atua sobre a natureza, a utiliza e transforma surge como expressão cultural e de cultura de comunidades e da nação por excelência. Para que a Culturologia possa atingir esses fins, torna-se necessário desenvolver um amplo programa de pesquisas e debates que inclua instâncias universitárias de todas as áreas e esferas não-universitárias do conhecimento, das artes e de outras atividades. Pré-condição para os trabalhos é a realização de análises culturais.
Análise Cultural de orientação ambiental
Na corrente britânica e norte-americana dos "Cultural Studies", a atenção dos estudiosos da cultura se dirige sobretudo ao Popular, focalizando fenômenos e processos culturais pouco considerados no passado, tais como aqueles vistos como triviais, banais, de massas, popularescos ou próprios de classes operárias, de subculturas e minorias. O termo "Cultural Studies", na acepção que foi-lhe dada desde 1964 pelo "Birmingham Centre for Contemporary Cultural Studies", passou a ser, assim, um conceito condutor de estudos altamente diversificados.1 Os principais temas tratados dizem respeito às diferenças culturais, tais como questões relativas à alteralidade, a mentalidades e à xenologia.2 Apesar de todas as distinções teóricas, aceita-se, em geral, a noção de cultura como texto, considerando sobretudo posições francesas e norte-americanas, tais como a análise de discurso de Michel Foucault e os conceitos antropológico-culturais de James Clifford3 e Clifford Geertz.4
Apesar das possibilidades integrativas proporcionadas por essa perspectiva no quadro das múltiplas posições no âmbito dos "Cultural Studies", critica-se cada vez mais a heterogeneidade dessa trans-disciplina, fato implícito na sua própria denominação, por demais genérica e imprecisa. Para superar essa falha, tem-se preferido o termo Análise Cultural, um conceito, aliás, já discutido no Brasil desde 1968.5
Em geral, a discussão orienta-se, aqui, segundo perspectivas desenvolvidas por Mieke Bal, diretora do "Amsterdam School for Cultural Analysis" (ASCA), fundada por ela em 1993, juntamente com o filósofo Hent de Vries e o antropólogo Peter van de Veer. Nas suas obras, entre outras "Narratology" (1985/1997)6 , Reading Rembrandt (1991)7 "Double Exposures. The Subject of cultural Analyses" (1996)8 e Quoting Caravaggio: Contemporary Art, Preposterous History (1999)9 , e sobretudo através de estudos da Poética visual, M. Bal tem procurado salientar o papel fundamental exercido pelos conceitos na Análise Cultural, entendida como ação de exame pormenorizado de objetos culturais. Os conceitos, segundo ela, desempenham o papel de um terceiro parceiro entre o pesquisador e o objeto de estudo, desencadeando processos altamente produtivos. Para isso, porém, devem ser continuamente observados e não aplicados de forma teoretizante, como etiquetas, mas sim "confrontados", de modo a permitir que o objeto de estudo "responda" na dinâmica interação de um constante processo reflexivo.10
A contribuição mais significativa do pensamento de M. Bal para a discussão da atualidade tem sido aquela relacionada com as suas concepções narratológicas. A autora faz diferença, na narração, entre o sujeito que fala - a voz - e o sujeito que "vê" ou focaliza. Ela contrapõe, aqui, um princípio verbal ou sonoro a um princípio visual. Como M. Bal não considera a narração apenas como sendo um gênero literário ou verbal, mas sim como uma espécie de discurso ou modo medial que também vale para fotografias, encenações, ações e todos os "artefatos culturais que contam uma estória".11 A narratologia de M. Bal surge como instrumento analítico útil para interpretações plausíveis de fatos culturais. Como a autora salienta, essa plausibilidade representa uma expressão de comunicabilidade intersubjetiva, fundamental característica do procedimento analítico. A intersubjetividade deve ser compreendida como possibilidade de discussão entre sujeitos além de fronteiras disciplinares, institucionais ou históricas.
Por mais relevantes e úteis que sejam as proposições de M. Bal, elas se revelam, entretanto, passíveis de críticas e correções, algumas delas de natureza básica. Para tal, os estudos culturais brasileiros levantam questões e abrem novas perspectivas para um debate mais profundo e pormenorizado. Assim, por exemplo, a narratologia de M.Bal não é entendida como sistematização abstrata e descritiva de estruturas narrativas universais e transhistóricas ou de tipologização. No entanto, considerando o fato de que várias expressões dramáticas, coreográficas e lúdicas da cultura brasileira foram empregadas no processo de cristianização do país no período colonial, e portanto implantadas consciente ou inconscientemente em mecanismo cultural quase que de natureza pedagógica, torna-se necessário, antes de mais nada, que se compreenda a natureza tipológica/anti-tipológica de tais representações culturais,12 pois foi justamente essa qualidade do sistema de ordenação simbólica dessas expressões culturais que possibilitou a transformação cultural e/ou a metanóia dos indígenas na ação missionária.13
Esse mecanismo transformador inerente a tais expressões culturais não é apenas válido para o Brasil. Ele deve ser considerado em análises culturais de outros países latino-americanos e de todos os processos culturais decorrentes de catequese e de encontros não-dirigidos de culturas religiosas não-cristãs com o cristianismo. A consideração desse mecanismo intrínseco de transformação cultural falta na teoria da análise cultural de M. Bal, o que a torna inadequada para estudos culturais globais. Esse fato não diminuiria o mérito e a utilidade de seus enfoques e proposições, caso a sua metodologia fosse considerada dentro de uma necessária contextualização cultural e, portanto, relativada.14 Entretanto, ela corre o perigo de ser considerada como de validade universal, apta a análises culturais em todas as situações e todos os contextos.
Assim, por ter sugerido a idéia dos "conceitos viajantes", das noções que se locomovem entre as várias disciplinas e se transformam,15 e por tê-la desenvolvido em atividades exercidas em vários países da Europa e da América do Norte, M. Bal surge como uma praticante de estudos culturais transnacionais.16 Mais especificamente, porém, as suas reflexões dizem respeito a obras e a instituições do mundo ocidental, ou melhor, de determinados segmentos de processos culturais euro-norteamericanos.
Nesses aspectos questionáveis da metodologia analítico-cultural segundo a Escola de Análise Cultural de Amsterdam, e que aqui apenas podem ter sido considerados de forma pontual e de passagem, revela-se um dos problemas fundamentais do movimento de renovação das disciplinas culturais na Europa. Apesar de todo o posicionamento crítico com relação às estruturas disciplinares convencionais, aos julgamentos de valor e aos preconceitos culturais, corre-se o perigo de um novo eurocentrismo e colonialismo cultural em recentes tendências do pensamento e da prática universitária. Aqui cabe, portanto, a países como o Brasil, portadores de perspectivas resultantes de outras situações e que apresentam um significativo desenvolvimento da reflexão teórico-cultural, o direito de apontar reducionismos em propostas teóricas e a responsabilidade de oferecer contribuições à discussão renovadora das ciências da cultura sob as condições globalizantes da atualidade. A.A.Bispo Todos os direitos reservados
1 Cf. Bromley, Roger, "Cultural Studies gestern und heute", in: Roger Bromley, Udo Göttlich, Carsten Winter (Ed.): Cultural Studies.Grundlagentexte zur Einführung, op.cit. 9-24.
2 Alguns desses temas foram discutidos, no Brasil, no âmbito do Congresso Internacional de Estudos Euro-Brasileiros, realizado em 2002 no Rio Grande do Sul, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Cf. Musik, Projekte und Perspektiven: Postkolonialismus/Kulturidentät/Immigration; Rural/Tribal; Memoria/Zukunft, Aus dem Internationalen Kongreß Euro-Brasilianischer Studien 2002 zum Abschluß des Trienniums interdisziplinärer Tagungen, Colonia: I.S.M.P.S. 2003.
3 The Predicament of culture. Twentieth-Century Ethnography, Literature and Art, Cambridge (Massachusetts): Harvard University Press 1988.
4 Cf. Dichte Beschreibung: Beiträge zum Verstehen kultureller Systemem, Frankfurt a. M. 1987.
5 No âmbito da Sociedade Nova Difusão Musical, fundada em São Paulo e responsável pela criação do primeiro Centro de Pesquisas em Musicologia do país.
6 Narratology. Introduction to the Theory of Narrative [1985], Toronto: University of Toronto Press, Nova edição, revista e ampliada 1997.
7 Reading "Rembrandt". Beyond the Word-Image Opposition, New York: Cambridge University Press 1994 [1991].
8 Double Exposures. The Subject of Cultural Analysis, New York: Routledge 1996.
9 Quoting Caravaggio. Contemporary Art, Preposterous History, Chicago: University of Chicago Press 1999.
10 M.Bal, Kulturanalyse, op.cit. 18.
11 M. Bal, On Story-Telling: Essays in Narratology, Sonoma (California) 1991, 75-109.
12 O autor analisou esse mecanismo em: Typus und Anti-Typus: Analyse symbolischer Konfigurationen und Mechanismen zur Erschliessung neuer komparatistischer Grundlagen für den interreligiösen Dialog und den Dialog der Kulturen, Colonia: I.S.M.P.S. 2003.
13 Cf. A. A. Bispo, "Interaktionen von Systematik und Geschichte in der Analyse musikhistorischer Mechanismen transformatorischer Kulturidentitäten: Maraca und Viola", in: Musik, Projekte und Perspektiven , op.cit..
14 Cf. Friedrich Kittler, Eine Kulturgeschichte der Kulturwissenschaft, München: Fink 2000.
15 Cf. Joyce Goggin, Sonja Neef (Ed.): Travelling Concepts I. Text, Subjectivity, Hybridity, Amsterdam: ASCA 2001.
16 Cf. Thomas Fechner-Smarsly e Sonja Neef, "Kulturanalyse: Zur interdisziplinären Methodologie Mieke Bals". Mieke Bal, Kulturanalyse, op.cit., 335-356, 337