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PESQUISA REGIONAL E MEMÓRIA MUSICAL: PORTO SEGURO (1972)
Antonio Alexandre Bispo
Pedro Sérgio de Moraes (Pedro Inhac) e Antonio Adueno da Silva são os mais antigos músicos guardados na memória dos instrumentistas de Porto Seguro. Esses nomes, sobretudo o de Antonio Adueno da Silva, estão vinculados como as relações musicais entre Porto Seguro e Belmonte, caracterizadas no passado por uma certa rivalidade. A peça mais antiga encontrada foi uma "Ouverture São Sebastião", da qual apenas algumas das partes puderam ser salvas do estado ruinoso em que se encontrava a sede da banda. Elas haviam sido copiadas na própria cidade em 10 de janeiro de 1909. Pelo que se pode perceber das poucas partes existentes, essa Ouverture caracterizava-se por melodiosos solos de fagote constituídos por fórmulas melódicas sequenciais. Possivelmente tratava-se de obra muito mais antiga, uma vez que na época da cópia o fagote não estava mais em uso no local, sendo substituido por outro instrumento. A caligrafia desse manuscrito permite a identificação do copista. Trata-se do já citado Pedro Sérgio de Moraes, afamado clarinetista e professor de numerosos músicos. Ainda na época vivia um de seus alunos, Manoel Dias da Silva, nascido em 1908. Da produção musical de Pedro S. Moraes ainda eram executados o dobrado "Porto Seguro" e a "Polaka Estephania". Da sua pena era também o dobrado "Jacintho", uma das mais tradicionais e mais antigas peças da banda local. Segundo Josephino Bento Santos, antigo Presidente da Filarmônica 2 de julho, a vinda de Antonio Adueno da Silva para essa cidade fora causada por um fato ocorrido em Belmonte e que demonstrava a extraordinária capacidade daquele músico. No tempo em que Adueno da Silva regia a "Filarmônica XV de setembro" de Belmonte, houvera falta de novos dobrados. Nessa época, a banda rival a "Lira Bonfim", recebera uma novidade, o dobrado "Escovado". Enquanto a Lira ensaiava a peça, Antonio Adueno, do lado de fora da sete, "tirou" o dobrado de ouvido. No dia da apresentação, a Filarmônica "XV de setembro" executou o "Escovado" antes da Lira, com grande surprêsa de todos. Em conseqüência do desentendimento resultante desse fato, Antonio Adueno da Silva foi obrigado a deixar a cidade, retirando-se para Porto Seguro. A partir daí recebeu o apelido de "Caneta", por ter a capacidade de escrever música rapidamente de ouvido com a caneta. Em Porto Seguro, atuou na Filarmônica "Lira dos Artistas", antecessora da "22 de abril" e da atual "2 de julho". De suas composições, a banda mantinha ainda no repertório o dobrado "O Rei do Mar". Obras suas pertenceram também ao repertório de outras bandas do litoral baiano. Assim, executava-se em Caravelas, ainda na década de setenta, a sua "Valsa Estelita".
Trecho do relato mimiografado em 1972. Publicado em parte na Correspondência Musicológica, Köln: I.S.M.P.S. e.V. ©Todos os direitos reservados
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